O tempo
Certa vez, eu li um texto que dizia: "O futuro a Deus pertence". Desde então sempre me perguntei Por quê ? Não poupei esforços para achar uma maneira de viajar para o futuro, tentei de tudo: meditação, tecnologia e até magia, porém descobri da pior maneira que era praticamente impossível fazer isto. Então, frustrado, passei a tentar esquecer essa minha obsessão.
Foi em um dia claro, que eu andando pela cidade, esbarrei em um homem que não pude ver o rosto, pois fiquei muito impressionado com um objeto brilhante que caíra do bolso dele. Era um relógio, porém, quando dei por mim o homem já tinha ido embora. Peguei o relógio e levei-o para casa. Lá, descobri que seus ponteiros não marcavam horas e minutos e sim meses e anos, e no momento marcava janeiro de 1956. Descobri também uma inscrição atrás do relógio que dizia: "O futuro pode a Deus pertencer, porém o passado é nosso". No momento que li isso tudo desapareceu, parecia que eu estava flutuando numa piscina, porém sem água, não sentia dor ou alegria. De repente, ouvi gritos, multidões, correndo e uma voz dizendo:
- Você está bem?
Abri os olhos e me deparei com uma bela moça de expressão alegre, perguntei a ela onde estava, e ela calmamente me explicou que estávamos na posse de Juscelino Kubitschek. De início, não entendi, mas logo percebi que viajara no tempo.
Comecei a andar pelo local observando o povo contente, reparei no relógio cuja inscrição desaparecera e, durante o discurso do presidente, avistei, lá no alto de um prédio, um homem apontando um objeto engraçado para o presidente. Fui averiguar. Subi as escadas devagar e lá estava ele. Ao avistar-me, ele, depressa, atirou em mim ( o que me levou a acreditar que o objeto estranho era uma arma ). Para minha sorte ele errou, e eu rapidamente pulei para cima dele, mas por ser criança não adiantou muito, só o suficiente para fazê-lo largar a arma. Quando ele pulou para me bater eu rapidamente desviei, fazendo ele dar de cara na parede. Saí de lá correndo e daí para frente quase nunca mais vi o presidente.
O tempo passou e fui adotado por uma senhora idosa que morreu poucos anos depois, porém sempre acompanhei, pelo jornal ou rádio, o presidente cuja vida salvei. Ela, bondosamente, deixou algum dinheiro para mim. Viajei até onde pude e trabalhei para sobreviver, cheguei até a trabalhar na obra de Brasília, levando comida para os "candangos". Nunca achei uma maneira de voltar para casa. Cresci, casei-me, tive filhos , e dei a um deles o meu relógio, mas antes, gravei algo nele. Meu filho deu o relógio a seu neto, e meu neto a seu filho, e assim por diante até que um dia um tataraneto perdeu o relógio andando na cidade.
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